quinta-feira, 29 de março de 2012

PMs do Rio e de SP matam mais que países com pena de morte

Raphael Prado
De Nova Iorque, especial para Terra Magazine

Números divulgados nesta terça-feira (27) pela Anistia Internacional mostram que 20 países em todo o planeta executaram 676 pessoas em 2011. O dado, embora ainda distante do sonhado "mundo livre da pena de morte" pregado pela organização, mostra uma melhora na comparação com anos anteriores. Em 2002, eram 31 países os que praticavam a pena capital a prisioneiros. Segundo a Anistia, também restam 18.750 pessoas na fila da pena de morte.

No Brasil, ao contrário dos países que a Anistia Internacional acompanha, a pena capital não existe legalmente. Mas agentes do Estado são responsáveis por altas taxas de letalidade supostamente em confrontos com criminosos, os chamados "auto de resistência".

Em 2011, no Rio de Janeiro, 524 pessoas foram mortas pela Polícia Militar em todo o estado, segundo dados do Instituto de Segurança Pública, do governo fluminense. Em São Paulo, no mesmo período, foram 437 mortes, segundo a Secretaria de Segurança Pública paulista. Somadas, as estatísticas revelam que, nos dois estados mais populosos do país, 961 mortes foram cometidas por agentes do Estado em 2011 - um número 42,16% maior do que as vítimas da pena de morte em todos os países pesquisados pela Anistia Internacional. A organização não tem acesso aos números da China, que se nega a passar os dados e, segundo a instituição, podem dobrar a quantidade de execuções e, portanto, possivelmente atingir o número de mortes pelas PMs do Rio e São Paulo, apenas dois estados brasileiros.

Tropa violenta

No primeiro semestre de 2011, uma em cada cinco pessoas assassinadas na capital paulista foi morta pela PM. Dos 629 homicídios cometidos na capital, 128 registros foram feitos como "pessoas mortas em confrontos com a Polícia Militar em serviço". Esse tipo de ocorrência é um indicativo de revides da PM a ataques de criminosos ou enfrentamento em ação policial.

Em todo o Estado de São Paulo, em 2011, a Secretaria de Segurança Pública registrou 4.396 vítimas de homicídios dolosos. A PM matou outras 437 pessoas - o que dá uma proporção de um morto pela PM para cada 11,05 vítimas de assassinato no Estado. Esse índice faz da PM de São Paulo uma das tropas mais violentas do mundo.

Dados de 2009 do Departamento de Justiça dos Estados Unidos - os últimos disponíveis - indicam que a polícia americana foi responsável por 406 das 14.042 mortes registradas naquele ano no país, o que dá uma taxa de letalidade da polícia de um assassinato para cada 34,58 ocorridos no país.

"Em São Paulo, é uma pena de morte feita à luz do dia", critica o deputado estadual Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa paulista. "Esta prática está completamente institucionalizada. Ela faz parte de uma rotina. Essa resistência seguida de morte nem é averiguada, é tida como cotidiano", afirma Diogo.

Em nota, a Polícia Militar de São Paulo respondeu que "não podemos comparar execuções legais com confrontos policiais. Esclarecemos que na última década os números de homicídios em SP decresceram em mais de 80%."

'Criminalização da pobreza'

No Rio de Janeiro, a Secretaria de Segurança Pública registrou 4.280 homicídios dolosos em 2011. Os 534 autos de resistência revelam uma taxa de letalidade da PM fluminense de uma morte para cada 9,17 vítimas de assassinato no Estado.

Na Argentina, em 2007 - também os últimos dados disponíveis -, de acordo com o Centro de Estudos Legais e Sociais, a região metropolitana de Buenos Aires (que tinha, à época, 12 milhões de habitantes) registrou 79 casos de pessoas mortas em confronto com a polícia. Neste mesmo 2007, só na capital paulista - excluídas as cidades da Grande São Paulo -, a PM registrou 203 mortes "em confronto". Moram na cidade de São Paulo 11 milhões de habitantes.

"É um número inaceitável, mesmo que alguns casos tenham sido em confronto", defende o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio. "O perfil dessas vítimas, de qualquer cidade brasileira, não só do Rio ou de São Paulo, é o mesmo: são jovens, pobres, negros, baixíssima escolaridade, moradores de favela e periferia", afirma.

Para o deputado, a política de segurança pública no Brasil está voltada para um processo de "criminalização da pobreza". "Quando fizemos a transição da ditadura para a democracia, a política de segurança pública continuou calcada na eliminação do inimigo", afirma. "O inimigo da ditadura era o comunista, o universitário, o jornalista que era preso, torturado e morto. Hoje a lógica continua sendo do enfrentamento do inimigo. Só que hoje o inimigo é o pobre, é quem sobrou da sociedade de mercado. Continuamos tendo uma política de segurança calcada na ideia da guerra", explica o deputado.

A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informa que o número de ocorrências registradas como "auto de resistência" tem caído nos últimos anos - de 1.048 casos em 2009, para 855 casos em 2010 e 524 em 2011. Segundo a SSP, a redução se deve ao Programa de Metas e Acompanhamento de Resultados estabelecido pela pasta. "Vale ressaltar que o avanço do Programa de Metas a cada semestre aumenta o desafio das polícias", diz, em nota, a secretaria estadual.

Acrescenta ainda a Secretaria: "O governo do Estado, reconhecendo a relevância do Programa de Metas para a melhoria da segurança pública, decidiu que os policiais lotados há mais de 6 meses nas áreas que bateram as metas deveriam receber gratificações pagas pelo cumprimento dos resultados. Desta forma, todos os policiais de uma área que bateram a meta e ainda tiveram a maior redução entre todas ganham R$ 3 mil ao fim do semestre. O segundo colocado, nos mesmos critérios, tem direito a R$ 2 mil. O terceiro colocado, a R$ 1.500. E todos os policiais, cujos batalhões e delegacias apenas alcançaram suas metas, têm direito a uma gratificação de R$ 1 mil".


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5689900-EI6578,00-PMs+do+Rio+e+de+SP+matam+mais+que+paises+com+pena+de+morte.html

quarta-feira, 28 de março de 2012

AMPARAR - ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS

E FAMILIARES DE PRESOS




PELO FIM  DA
REVISTA  VEXATÓRIA


Revista Vexatória


1 - A revista vexatória interessa ao Estado, que busca através dela afastar os familiares e amigos de presos, e ter os presidiários à sua mercê.
Através da revista vexatória, os familiares dos presos são humilhados pelos agentes penitenciários sofrendo torturas físicas e psicológicas, obrigados a se desnudarem e há casos em que sofrem toques em suas partes íntimas, quando equipamentos poderiam muito bem exercer este tipo de função, mas é objetivo do estado opressor: massacrar, humilhar, os familiares dos presos, geralmente de origem pobre. Sabemos muito bem que os ricos tem outro tipo de tratamento.
A realidade nos mostra que na verdade, rico não vai preso, neste estado (São Paulo), neste país.


2 - A violência sobre os familiares de presos não tem limite.
Crianças de até 12 anos são obrigadas a ficarem totalmente nuas e agacharem 3 vezes, em flagrante desrespeito ao Estatuto de Criança e do Adolescente.
Senhoras idosas também são obrigadas a este vexame e violência: nudez
total e agachar 3 vezes. Há um banquinho imundo que as mulheres são obrigadas a sentar para mostrar a genitália.


3 - Os funcionários corruptos  se aproveitam do abandono dos presos para explorá-los e violentá-los, em seus direitos mais elementares, como estadia dgna, com segurança, privacidade, afetividade.
Aproveitam a ausência de acompanhamento familiar e de amigos, para desviar  materiais de uso diário como sabonetes, pastas de dente, roupas de uso pessoal, documentos e processos.
Há com o abandono dos presos, além do desvio de materiais, a manipulação de seus direitos e ações de tortura física e psicológica, transformando a vida do preso num verdadeiro inferno.

Pelo Fim do
Estado Penal

    

Fim do Estado Penal

O estado penal, é a filosofia básica da Sociedade Capitalista que se sutenta do trabalho dos pobres a serviço  dos ricos que dominam este tipo de sociedade.
Criam trabalhadores que tem como função vigiar os outros trabalhadores para que cumpram o papel de, pacificamente, garantirem seus sustentos: os policiais que se constituem nas mais variadas categorias para efetuarem suas funções com perfeição.
Soldados e Oficiais a exemplo dos PMs. Investigadores e Delegados a exemplo dos Policiais Civis. Agentes Penitenciários e Diretores dos Centros de Detenções.
Estamos falando de uma parte do Estado que tem a função diretamente repressiva, mas há outras áreas como a da Justiça que tem um papel repressor muito mais sofisticado, que tem a função de fiscalizar os comportamentes em relação às leis criadas e tem o papel regulador da sociedade e dos indivíduos que a
compõem.
Os Juízes estão acima dos indivíduos e em muitos casos e momentos acima dos órgão que compõem esta mesma sociedade.
Para se enfrentar as revistas vexatórias, o papel  das prisões, teremos que nos prepar para enfrentar este estado penal em toda a sua dimensão, é este o papel que se propõe a Amparar - Associação de Amigos e Familiares de Presos.